Justiça absolve 7 apontados como parte de quadrilha de agiotas que movimentou mais de R$ 60 milhões em Franca, SP
28/11/2025
(Foto: Reprodução) Operação Castelo de Areia em Franca (SP): no alto da esquerda para a direita, Ezequias Guimarães, Bruno Guimarães e Douglas Guimarães; embaixo, Leomabio Paixão, Evanderson Guimarães, Ronny Santos e Rogério Camillo
Reprodução
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo absolveu sete pessoas, entre elas, um ex-policial civil, apontadas como integrantes de uma quadrilha de agiotas que movimentou mais de R$ 60 milhões em quatro anos na região de Franca (SP).
A decisão, de segunda instância, foi proferida nesta quinta-feira (27).
Evanderson Lopes Guimarães, Douglas de Oliveira Guimarães, Ezequias Bastos, Guimarães, Ronny Hernandes Alves dos Santos, Bruno Bastos Guimarães, Leomábio Paixão da Silva, e o ex-policial Rogerio Camillo Requel foram declarados inocentes dos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, usura, corrupção ativa e passiva.
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O g1 entrou em contato com o Ministério Público, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
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Em dezembro do ano passado, os réus tinham sido condenados a 20 anos de prisão. Com a decisão pela absolvição desta quinta-feira, Evanderson, Douglas e Ezequias tiveram as penas reduzidas a sete e seis meses de prisão, mas, como estavam presos desde a condenação, também ganharam liberdade.
Todos os bens apreendidos à época da decisão foram devolvidos aos proprietários.
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À EPTV, afiliada da TV Globo, o advogado Rafael Garcia Spirlandeli, que defende Douglas, informou que conseguiu desmontar as acusações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
"Desde o início, a defesa vinha demonstrando diversas irregularidades no processo, falhas de tipificação dogmática dos crimes imputados, que corretamente foram reconhecidas pela instância superior".
O advogado Márcio de Freitas Cunha, que defende Ezequias, todos os réus foram absolvidos por unanimidade.
"Os três desembargadores absolveram todos os acusados dos delitos de ocultação e dissimulação de capitais, organização criminosa, corrupção ativa. Apenas três acusados tiveram condenação por usura pecuniária às penas de 6 meses à 7 meses, mas como já ficaram tempo maior presos preventivamente, suas penas já foram extintas. Em suma, todos os acusados serão postos em liberdade".
O g1 tenta localizar as defesas dos demais réus absolvidos.
Há dois dias, na terça-feira (25), mais cinco pessoas que faziam parte da mesma quadrilha foram condenadas pela Justiça por organização criminosa, usura com cobrança de juros abusivos mediante grave ameaça, corrupção ativa e lavagem de capitais.
Rayander Luiz Nascimento, Célio Luís Martins, Jonathan Nogueira dos Santos Reis, e os irmãos Everaldo Bastos Guimarães e Eraldo Bastos Guimarães receberam as penas de 17 anos, 3 meses e 18 dias de reclusão em regime inicial fechado e 7 meses e 6 dias de detenção em regime semiaberto para o crime de usura.
Hierarquia e coordenação
A quadrilha agiu entre 2020 e 2024 e, segundo o Ministério Público, operava de forma estruturada e com clara divisão de funções.
As investigações do MP, que começaram por meio da Operação Castelo de Areia, apontaram que as provas reunidas (interceptações telefônicas, análise de transações bancárias e documentos apreendidos) demonstraram permanência, hierarquia e coordenação entre os envolvidos.
Segundo o MP, a quadrilha fazia ameaças de morte aos inadimplentes e a pessoas próximas a eles.
Cópias das conversas, obtidas com autorização da Justiça, foram anexadas às denúncias e, de acordo com os promotores de Justiça, comprovam a violência utilizada pela organização criminosa para reaver o dinheiro.
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Gaeco
A primeira fase da Operação Castelo de Areia ocorreu entre novembro de 2023 e janeiro de 2024. As investigações apontaram que a quadrilha emprestava dinheiro a juros exorbitantes e depois cobrava as vítimas por meio de graves ameaças. Os chefes do esquema eram pai, filho e sobrinho.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), mesmo com as prisões anteriores, outros integrantes mantiveram a quadrilha ativa e diziam em conversas entre eles que 'nada os intimidariam e, até mesmo, jamais seriam punidos'.
Isso motivou a deflagração da segunda fase da operação, em junho deste ano. Desta vez, as investigações apontaram uma nova movimentação, de cerca de R$ 31 milhões.
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