Creches para pets ganham mercado com mudanças sociais, e 7 em cada 10 são MEIs na região de Campinas
31/12/2025
(Foto: Reprodução) MEIs representam 79,6% das creches para cães na região de Campinas e Piracicaba
O avanço dos negócios de alojamentos para pets tem reforçado a economia local na região de Campinas (SP) e de Piracicaba (SP), que reúne ao menos 363 estabelecimentos desse perfil, segundo dados de dezembro do Sebrae. A maior parte das empresas é formada por microempreendedores individuais (MEIs).
Ao todo, 289 dos negócios são MEIs, representando 79,6% do total. Além disso, há 69 microempresas (ME), que corresponde a 19%, e quatro empresas de pequeno porte (EPP). O levantamento tem como base informações da Receita Federal.
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Especialistas apontam que o crescimento deste setor está ligado a mudanças no consumo, à retomada econômica após pandemia e à busca por renda própria.
Campinas lidera o ranking com 104 empresas, seguida por Piracicaba (39), Indaiatuba (36) e Limeira (27). Confira abaixo a lista completa.
Vínculo afetivo
Recanto dos Pets, hotel para animais de estimação no Jardim Guanabara, em Campinas
Reprodução/@recdospets
Consultora do Sebrae, Cláudia Mouro aponta que houve expansão de creches e hotéis para cachorros em Campinas, movimento que surge de mudanças sociais, emocionais e econômicas. Ela atua há 31 anos na rede e destaca a mudança na configuração das famílias.
“As famílias são menores, muitas têm filhos ou têm menos filhos. Então, a gente acaba trazendo outras ‘pessoinhas’ pra nossa vida, criando vínculo afetivo", fala.
Mouro alerta que, para se destacar no mercado, não basta apenas oferecer hospedagem aos pets. Segundo ela, o principal diferencial do setor está em criar laços.
“Hoje, eles vão muito além disso. Eles entregam segurança, responsabilidade e afinidade”, explica.
Para Mouro, toda empresa também precisa cuidar de áreas essenciais da gestão, como finanças, marketing, comercial, pessoas e processos.
“Finanças é o que mais pega hoje. A formação de preços, inclusive, é um dos principais obstáculos enfrentados pelos empreendedores. Dentro do preço tem os custos de locação, compra de produtos, água, luz, funcionário. Como juntar tudo isso e ainda deixar o preço competitivo no mercado é um desafio enorme”, destaca.
Na prática
Especialistas apontam que o crescimento de hotéis e creches para pets está ligado a mudanças no consumo, à retomada econômica após pandemia e à busca por renda própria
Camila Mizuno
Em 2017, o Recanto dos Pets começou no setor de maneira informal, em Campinas. O negócio, antes realizado em ambiente residencial, precisou se estruturar para atender ao aumento da demanda, e hoje, funciona em espaço próprio no Jardim Guanabara.
Segundo o fundador, Marcelo Augusto dos Santos, o desenvolvimento deste mercado ocorreu principalmente após o fim da pandemia de Covid-19. “Muita gente passou a buscar serviços especializados. Quem não se profissionalizou, acabou ficando para trás”, afirma.
O empresário chama atenção para normas mais objetivas do poder público, já que, de acordo com ele, "não é algo muito concreto e muitas creches acabam funcionando irregularmente".
Camila Akemi Mizuno, fundadora do Pet Mizuno, localizado no Cambuí, ressalta também a importância adquirir conhecimento na área e cultivar amor por animais.
"Tenho uma carteira de clientes fiéis, onde os cãozinhos vão passear na rua e querem vir aqui dar um bom dia para mim. Isso, sim, é meu melhor feedback [...] Tem que ter amor em primeiro lugar", fala Mizuno.
Rotina, prevenção e bem-estar animal
Campinas conta com atividade de alojamento de animais domésticos e já reúne 104 empreendimentos
Camila Mizuno
Atualmente, a creche Recanto dos Pets funciona em horários regulares, com atividades planejadas, momentos de descanso e acompanhamento contínuo. Segundo o responsável, a rotina reduz estresse e evita conflitos entre os animais.
“A gente trabalha muito com prevenção [...] O principal para uma creche é a rotina. O animal tem que saber o que ele vai esperar. Se cada dia você faz algo diferente, o cachorro fica um pouco ansioso”, diz Marcelo.
Além disso, os cães ficam soltos, separados apenas no momento da alimentação, quando o risco de conflito é maior.
Para quem utiliza o serviço, como a arquiteta Rejane Barbato, espaços como esse funcionam como símbolo de tranquilidade, especialmente em épocas de fim de ano.
"Todo tutor sente um aperto no coração quando vai viajar sem o seu pet. A preocupação de onde e com quem deixar é grande. Tudo o que se quer é que seu companheiro fique bem, física e emocionalmente. Por isso a busca por um local de hospedagem tem que ser cuidadosa, principalmente nessa época do ano. Muitos bichinhos sofrem com o barulho dos fogos de artifício soltados na virada", explica.
*Sob supervisão de Jéssica Stuque
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