Bilhete escondido em mamadeira: o que se sabe e o que falta esclarecer sobre denúncias de maus-tratos em creche de Rio Preto
16/12/2025
(Foto: Reprodução) Criança é deixada sozinha em sala vazia e sem refrigeração em Rio Preto
A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar as denúncias de maus-tratos contra crianças em uma creche particular de São José do Rio Preto (SP).
A suspeita começou depois que uma ex-funcionária escondeu um bilhete em uma mamadeira para alertar uma mãe de que o filho dela, de dois anos, com autismo nível 2, estaria entre as vítimas.
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Confira o que se sabe e o que falta esclarecer sobre a denúncia:
Como o caso chegou à polícia?
Qual foi a denúncia?
O que diz a mãe do menino?
O local é considerado regular?
O que diz a direção da creche?
Como está a investigação policial?
Funcionária esconde bilhete dentro de mamadeira para alertar mãe sobre maus-tratos em Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
Como o caso chegou à polícia?
O caso chegou à Polícia Civil após a mãe do menino com autismo nível 2 procurar a delegacia na madrugada de sábado (13) para registrar um boletim de ocorrência. A mulher, que não vai ser identificada, revelou à reportagem que não notou o papel deixado pela ex-funcionária na mamadeira do filho.
Contudo, ela foi procurada pela berçarista nas redes sociais e recebeu as fotos e os vídeos com indícios do crime. Assista acima.
Qual foi a denúncia?
Para chamar a atenção da mãe, a ex-funcionária escreveu em um bilhete, colocado na mamadeira na sexta-feira (12): “Me chama, preciso falar com você urgente sobre os cuidados do seu filho”.
Em uma das imagens enviadas pela berçarista à mãe do aluno, é possível notar que a criança está dormindo, suada. Conforme a mãe, o menino estava com fezes.
Em outra foto, o garoto está sozinho, em uma sala vazia, sentado em uma cadeira de refeição, impossibilitado de sair. A criança, de acordo com o relato da ex-funcionária, era mantida isolada, sem refrigeração adequada, sob calor intenso.
Mãe denuncia ambiente insalubre em creche em Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
No local, segundo relato da profissional à mãe, os alimentos oferecidos aos alunos eram armazenados de forma inadequada, havia condições insalubres de higiene e uma estrutura precária para o atendimento das crianças, além de bebês que dormiam no chão ou em colchões velhos e sujos.
A berçarista também revelou que presenciou gritos e xingamentos contra as crianças em apenas duas semanas de trabalho na creche.
O que diz a mãe do menino?
A mãe do menino disse ao g1 que começou a suspeitar da situação após o filho apresentar comportamento agressivo incomum, apesar de estar em tratamento e fazer uso de medicação regular. Segundo a mãe, a reação do menino é consequência da negligência na creche.
Além de levar o caso à polícia, ela diz que procurou uma advogada para formalizar a denúncia das condutas na esfera civil. Pelo menos dez mães procuraram a polícia para relatar a suspeita.
O local é considerado regular?
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de São José do Rio Preto informou que o local citado não possui registro como escola de educação infantil e, portanto, não está sob a supervisão da pasta. Ao contrário, trata-se de uma empresa registrada como recreação e lazer, atividade que não se enquadra no sistema municipal de ensino.
Para obter autorização de funcionamento, uma escola de educação infantil particular deve apresentar requerimento formal à Secretaria Municipal de Educação, com documentação do mantenedor, proposta pedagógica e regimento escolar, comprovação da habilitação dos profissionais, adequação da estrutura física às normas educacionais, além das licenças e laudos obrigatórios de órgãos como a Vigilância Sanitária e o Corpo de Bombeiros.
O que diz a direção da creche?
Em nota, a direção da creche informou que as imagens foram registradas e divulgadas fora do contexto, de forma distorcida por ex-funcionários da instituição, e que nenhuma criança foi vítima de violência.
“O material divulgado não reflete a rotina, os valores, nem o padrão de cuidado adotado pela escola ao longo de sua trajetória”, pontuou a instituição por meio do comunicado.
Como está a investigação policial?
O delegado Amaury Scheffer de Oliveira Junior, do 4º e 6º Distrito Policial de São José do Rio Preto, confirmou à reportagem que instaurou um inquérito policial.
Segundo ele, algumas mães foram ouvidas no dia 15 de dezembro, e as suspeitas serão investigadas pelas equipes da Polícia Civil.
Polícia instaura inquérito para investigar maus-tratos em creche particular de Rio Preto
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