Ônibus no Capão Redondo são os mais lentos de SP, com média de 15,4 km/h, aponta Mapa da Desigualdade
27/11/2025
(Foto: Reprodução) Ônibus no Capão Redondo são os mais lentos de SP, com média de 15,4 km/h, aponta Mapa da Desigualdade
Os ônibus que circulam no Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, são os mais lentos da cidade, com velocidade média de 15,4 km/h, segundo dados do Mapa da Desigualdade 2025, divulgado nesta quarta-feira (27) pela Rede Nossa São Paulo.
A lentidão no transporte coletivo reflete diretamente na qualidade de vida dos passageiros, que passam horas nos deslocamentos diários entre casa e trabalho.
O Mapa é elaborado anualmente e compara indicadores dos 96 distritos da capital, como mobilidade, renda, saneamento e acesso a serviços públicos. Segundo o ranking, os coletivos mais lentos depois dos que circulam no Capão Redondo:
Mandaqui, na Zona Norte, com média de 15,8 km/h
Jabaquara e Pedreira (ambos com cerca de 16 km/h)
Campo Limpo, com 16,8 km/h — todos também na Zona Sul
Saio do Guarapiranga e pego ônibus sempre lotados. Às vezes demoram muito pra chegar e acabo me atrasando pro trabalho. Precisam colocar mais ônibus e melhorar o trânsito
Apesar de concentrar os trajetos mais lentos, a Zona Sul também abriga o distrito com os ônibus mais rápidos de São Paulo. Em Marsilac, os veículos atingem média de 25,5 km/h — a maior velocidade registrada no levantamento.
Na sequência, aparecem Parque Anhanguera, São Domingos e Jaguará, todos na Zona Oeste, com médias acima de 22 km/h, e Parelheiros, novamente na Zona Sul, com 21,4 km/h.
A Prefeitura diz que estão previstos novos BRTs, corredores de obras viárias para melhorar a fluidez dos ônibus. Além de ter entregado 54 quilômetros de faixas exclusivas e um novo trecho do corredor Itaquera, Zona Leste.
Impacto na qualidade de vida
A diferença de velocidade impacta o tempo que cada passageiro passa dentro do transporte público. O vigilante Márcio Luiz Cardoso Godinho, que trabalha em dois empregos com escala de 12 por 36 horas, conta que o deslocamento virou quase um “terceiro turno”.
“Passo mais tempo dentro do ônibus do que em casa. Durmo quatro, cinco horas por dia. Minha qualidade de vida é péssima”, disse.
A faxineira Ana Paula Rodrigues Nunes enfrenta situação parecida. Ela estima gastar quase quatro horas por dia no trajeto de ida e volta entre casa e trabalho.
“Às vezes levo duas horas e meia pra ir e voltar. Tudo por causa da lentidão e do excesso de carros. Mas é São Paulo, né?”, comentou.
Os ônibus que circulam no Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, são os mais lentos da cidade
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Para o coordenador de Relações Institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis, Igor Pantoja, a lentidão dos ônibus é consequência direta da falta de prioridade ao transporte público nas vias da capital.
É preciso reconhecer a importância do transporte coletivo em detrimento do individual. Isso significa planejar melhor o uso das ruas, garantir faixas exclusivas em horários de pico e adequar os modelos de ônibus às características de cada região
Segundo Pantoja, enquanto as vias forem dominadas por carros, a mobilidade continuará sendo um desafio para os trabalhadores.
“Se não houver espaço e gestão para priorizar o transporte público, os ônibus continuarão andando em velocidade de tartaruga”, completou.